O que era política do café com leite?
A“Política do Café-com-Leite” tinha esse nome devido à sucessão de membros das oligarquias agrárias paulista e mineira nos cargos mais altos da política brasileira, inclusive o de presidente. Esse nome também foi utilizado devido aos produtos que geravam a renda das duas mais poderosas oligarquias agrárias do Brasil, Minas Gerais, com o leite, e São Paulo, com o café. Vale ressaltar que o que colocava as duas oligarquias em pé de igualdade não era só os produtos que produziam (já que o café valia muito mais que o leite para o mercado internacional), mas o fato de que Minas Gerais possuía o maior número de eleitores do país.
Para garantir o resultado das eleições de maneira desejada pelos articuladores da Política do Café com Leite eram utilizadas ferramentas como o coronelismo, o voto de cabresto e a política dos governadores. Naquela época o voto não era secreto e os coronéis de cada região controlavam em quem as pessoas iriam votar. Os coronéis davam seu apoio aos governadores, que apoiavam o presidente e ambos permitiam a continuidade do poder dos coronéis. Assim se formava um governo oligárquico, no qual só tinham acesso ao poder os que faziam parte do grupo dominante.
Você sabia?
O voto de cabresto é um sistema tradicional de controle de poder político, onde os votos eram assegurados por meio do abuso de autoridade. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, onde o coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo de violência para que os eleitores de seu “curral eleitoral” votassem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas do coronel, para que votassem nos candidatos por ele indicados.
Também poderia haver a compra de votos e a utilização da máquina pública.
Era um mecanismo comum no Brasil como característica do coronelismo.
Fonte: Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Voto_de_cabresto).
A política do café com leite foi uma estrutura de poder empregado no Brasil durante a República Velha (de 1889 até 1930), que consistiu no predomínio político dos cafeicultores de São Paulo e dos fazendeiros de Minas Gerais, que se revezavam ocupando a presidência do país.
Foi então que se estruturou oficialmente durante o governo do presidente Campos Sales (1898-1902). A oligarquia paulista estava reunida no Partido Republicano Paulista (PRP), e a mineira, no Partido Republicano Mineiro (PRM). Dessa forma, São Paulo, indicado como maior produtor de café do país, e Minas Gerais, maior produtor de leite no país, uniriam suas forças políticas e econômicas para controlar o cenário político brasileiro através de um revezamento de presidentes no poder.
O fim
O sistema só começou a se desestabilizar com a queda do preço do café a partir de 1914. Para manter a valorização do produto, vendia-se cada vez menos, e o governo federal, sempre fiel servidor dos barões do café, conseguia empréstimos de quantias exorbitantes para manter a renda das elites paulistas. A economia cafeeira era extremamente dependente do mercado internacional, com os preços baixos pouco se recuperou até a Quebra da Bolsa de Nova York em 1929, fazendo com que os cafeicultores tivessem que recorrer diretamente a empréstimos federais causando a perda de prestígio e de poder político.

Capa da revista “Careta”, de 1926, com uma charge onde são retratados 2 “gigantes” representando São Paulo e Minas na política.
Enfraquecidas, as oligarquias paulistas temiam um golpe mineiro, e se aliaram as elites do Rio Grande do Sul para quebrarem a Política do Café-com-Leite. Essa tentativa de golpe terminou na Revolução de 1930, que empossou Getúlio Vargas, criando o Estado Novo. A reação paulista à “traição” gaúcha viria 2 anos depois, na Revolução Constitucionalista, que, apesar de ter sido uma derrota militar, foi uma vitória política que viu a oligarquia paulista recuperar seu prestígio e poder novamente.
Presidentes Eleitos
Presidentes mineiros (PRM)
- Afonso Pena – presidente da República (1906-1909)
- Venceslau Brás – presidente da República (1914-1918)
- Delfim Moreira – presidente da República (1918-1919)
- Artur Bernardes – presidente da República (1922-1926)
Presidentes paulistas (PRP)
- Prudente de Morais – presidente da República (1894-1898)
- Campos Sales – presidente da República (1898-1902)
- Rodrigues Alves – presidente da República (1902-1906)
- Washington Luís – presidente da República (1926-1930)
- Júlio Prestes – presidente da República (mandato 1930-1934; não tomou posse)
Para saber mais
Referência Bibliográfica
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil, 22ª ed., São Paulo: Editora Nacional, 1987.